segunda-feira, 30 de abril de 2012

Semente de abóbora – “prima” esquecida das oleaginosas caras

A semente de abóbora entra como opção de lanches - continuando a pauta sobre lanches saudáveis - mas ela merece uma pauta exclusiva.


            Esta semente que é injustamente jogada no lixo, possui inúmeras propriedades benéficas para o organismo. Apaixonei-me por ela quando fazia estágio e precisava aumentar o consumo de zinco em uma população de idosos, isso com poucos recursos. Havia vários idosos com úlcera de decúbito (antigamente chamada de escaras, que são feridas formadas por pressão permanente das proeminências ósseas na pele, comum em idosos acamados). Para auxiliar no tratamento era necessário aumentar a ingestão desse mineral,  que é imprescindível para a cicatrização e imunidade.
            Acabei descobrindo na semente de abóbora, a maior fonte vegetal de zinco, além de excelentes quantidades de magnésio, potássio (minerais importantes para regular a pressão arterial), proteínas, vitamina E (potente antioxidante) e fibras.

            Preparei farinha de semente de abóbora para ser adicionada ao caldo de feijão ou à sopa que era dada aos pacientes, 2 vezes ao dia. Não houve diferença quanto à aceitação da refeição, e ainda foi observada melhora na cicatrização e no hábito intestinal de alguns idosos que consumiram.

            A semente de abóbora pertence à família das sementes oleaginosas como castanhas, amêndoas, nozes, pistache. Devido ao custo, não é todo mundo que pode adquirir essas oleaginosas. Mas temos a semente de abóbora, que não tem custo algum se você consome a abóbora!
           
Veja algumas outras vantagens da semente de abóbora em números:
-                    23 vezes mais fibras que a alface crespa !
-                    27 vezes mais fibras que a laranja (polpa)!
-                    20 vezes mais fibras que a rúcula!
-                    16,5 vezes mais fibras que o mamão!
-                    Contém mais zinco que outras das maiores fontes como: filé mignon, amêndoas e castanha-do-Brasil!

Fonte: NEPA/UNICAMP. Tabela Brasileira de Composição de Alimentos – TACO. Campinas, 2006.
SESI. Programa Alimente-se Bem: tabela de composição química de partes não convencionais dos alimentos. São Paulo: SESI-SP, 2008.

            Portanto, não despreze essa prima humilde e esquecida, porém muito nutritiva das oleaginosas caras.

            Ela é ótima opção para lanches da tarde, perfeita para levar na bolsa e degustar nas horas em que dá vontade de mastigar alguma coisa. Veja como fazer, é fácil:

Semente de abóbora assada:

-                     Lave as sementes, retirando os resíduos da polpa da abóbora
-                     Coloque em fôrma (não precisa untar) e asse em forno médio até dourar (cerca de 30 minutos, dependendo do forno)
Pronto!

            Com a semente assada, você pode fazer a farinha, como eu fiz para os pacientes, podendo usar como farofa, adicionar ao caldo de feijão, sopas e massas salgadas. É só bater a semente assada no liquidificador. Armazene em pote fechado (de preferência de vidro) na geladeira. Use em até 5 dias. 

            É triste pensar que o nosso lixo muitas vezes está mais rico em nutrientes que o nosso corpo. No lixo temos sementes, cascas, talos, ricos em vitaminas, minerais, fibras e outras substâncias antioxidantes. Em nós (muitos de nós, pelo menos), temos biscoito recheado, refrigerante, congelados; que se traduzem em gordura trans, açúcar, sal, conservantes, corantes...


Referências:
CERQUEIRA, P. M.; FREITAS, M.C.J.; PUMAR, M. Efeito da farinha de semente de abóbora (Cucurbita maxima, L.) sobre o metabolismo glicídico e lipídico em ratos. Rev. Nutr., Campinas, v.21, n.2, p. 129-136, 2008.
ESCOTT-STUMP, S.; MAHAN, L.K. KRAUSE: Alimentos, nutrição e dietoterapia. 11 ed. São Paulo: Roca, 2005.
JARDIM, P. C. B. et al. Potássio, cálcio, magnésio e hipertensão arterial. Rev. bras. Hipertens, v.11, n. 2, p. 109-111, abr/jun, 2004.
MAFRA, D.; COZZOLINO, S. M. F. Importância do zinco na nutrição humana. Rev. Nutr., Campinas, v.17, n.1, p.79-87, jan./mar., 2004.
NEPA/UNICAMP. Tabela Brasileira de Composição de Alimentos – TACO. Campinas, 2006.
PUMAR, M. et al. Avaliação do efeito fisiológico da farinha de semente de abóbora (Cucurbita maxima, L.) no trato intestinal de ratos. Ciênc. Tecnol. Aliment., v.28, p. 7-13, 2008. 
SESI. Programa Alimente-se Bem: tabela de composição química de partes não convencionais dos alimentos. São Paulo: SESI-SP, 2008.

















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