sábado, 1 de dezembro de 2012

Açúcar no refrigerante – experimento

Fiz uma experiência para verificar de outra forma a quantidade de açúcar no refrigerante. Fervi 1litro de um refrigerante de cola, até que toda a água fosse evaporada. Vejam nos vídeos abaixo o produto que sobrou.


Este produto é impressionante. Ouço nas palestras depoimentos de pessoas que utilizam refrigerante de cola para desentupir pia. Imaginem o que faz com nosso estômago...

     

terça-feira, 27 de novembro de 2012

Mudanças na rotulagem de alimentos - Programa Sem Censura

Segunda-feira (26/11/12) estive mais uma vez no programa "Sem Censura" com apresentação da jornalista Leda Nagle, na TV Brasil. Desta vez para abordar a nova legislação da ANVISA – a RDC 54 de 12 de novembro de 2012 - que regulamenta critérios para a Informação Nutricional Complementar nos rótulos de alimentos. A nova resolução traz algumas mudanças para que os produtos sejam considerados “fonte de”, “rico em”, “alto teor de”; “zero”, “baixo teor de”, “reduzido em”...
As mudanças objetivam tornar mais claras as informações dos rótulos inclusive dos alimentos diet e light, para que não sejam omitidas informações importantes levando o consumidor ao erro. Confiram!


segunda-feira, 19 de novembro de 2012

O que a nutricionista come?

Comentário recentemente postado no youtube me rendeu bom tempo de reflexão. Sugeriram-me fazer um vídeo falando sobre a minha alimentação, descrevendo tudo o que eu como em 1 dia.
A partir deste comentário vejo o quanto muitas pessoas imaginam ser impossível seguir uma alimentação saudável, livre de produtos ultraprocessados; e portanto, necessitam de um modelo a ser seguido, mostrando que é real e palpável.
Não o faria por inúmeros motivos, o principal deles é porque não existe tal modelo,  cardápio único ideal a todas as pessoas, tudo tem que estar dentro das possibilidades, necessidades e preferências de cada indivíduo. Pretendo abordar bem este tema numa próxima pauta.
Mas hoje, que aproveitei o feriadão para cuidar ainda mais da minha saúde, fiquei tentada a dividir com vocês o presente que dei para mim. Vejam meu cardápio até agora:

Café da manhã: Mousse de banana com cacau, aveia, linhaça e gergelim

Colação (lanche da manhã): 1 fatia suculenta de melancia

Almoço: Arroz integral com legumes e 1 pé inteiro de alface orgânico da horta!


Delícia! Que prazer, isso é bem-estar! Um banho de dentro para fora:

- O ômega 3 da linhaça, o triptofano da banana e a vitamina B6 da aveia melhorando meu humor;
- O licopeno da melancia e os flavonóides do cacau destruindo os radicais livres e protegendo a minha pele;
- As fibras da alface, da aveia, da linhaça, do gergelim, do arroz integral, dos legumes + os frutooligossacarídeos da banana varrendo as toxinas e nutrindo minha microbiota benéfica;
- As vitaminas e minerais de tudo isto nutrindo todo meu organismo, reforçando meu sistema imunológico e fazendo tudo funcionar harmonicamente, como numa orquestra!

Todos os meus órgãos agradecem o presente e se manifestam pela pele, cabelos, bom humor e vitalidade!

Amo muito tudo ISTO – prazer que supera qualquer palatabilidade momentânea de gordura trans, açúcar refinado e sódio!

Ressalto que este não é um modelo a ser seguido. Apenas quis dividir o quanto me faz feliz ter uma alimentação saudável. Tentei ilustrar um pouco do que ela é capaz de nos proporcionar!

Saúde! Boa semana para todos nós!



domingo, 18 de novembro de 2012

As cores da saúde

Como a pauta sobre consumo de frutas, verduras e legumes fez sucesso, trago hoje as propriedades destes maravilhosos alimentos, agrupando os benefícios de acordo com as cores.


É importante destacar que as regiões brasileiras possuem uma riqueza e variedade de frutas, verduras e legumes superior a muitos países desenvolvidos. Diversidade esta, que nem todas as pessoas aproveitam, restringindo a alimentação a produtos industrializados ricos em açúcar, gordura e sal. Outras pessoas consomem o mínimo de frutas por dia, e sempre as mesmas, sem variá-las, não desfrutando os benefícios e sabores de tantas outras.

Resumi alguns dos principais motivos para você consumir frutas, verduras e legumes de maneira geral:

- São ricos em vitaminas, minerais e fibras e com baixa densidade calórica;

- Contribuem para a manutenção do peso adequado;

- Oferecem garantia contra a deficiência da maior parte de vitaminas e minerais, aumentando a resistência às infecções;

- São elementos de proteção contra a hipertensão arterial e derrames, provavelmente pelo seu alto teor de potássio;

-Devido ao seu alto teor de fibras e de compostos antioxidantes, esses alimentos auxiliam na prevenção do câncer de vários órgãos (boca, esôfago, pulmão, estômago, cólon e reto e, provavelmente, pâncreas, mama e bexiga).


Para que haja estes efeitos, o Guia Alimentar preconiza o consumo diário de três porções de frutas e três porções de legumes e verduras diariamente, totalizando o mínimo de 400g/dia, sendo que deve haver uma variedade entre estas.

Montar um prato colorido é o segredo da variedade e saúde, pois as diferentes cores indicam predominância de determinados nutrientes e fitoquímicos.

 
Por isso abordarei as propriedades relacionadas às cores dos alimentos:

Alimentos de cor amarela e alaranjada


Uma substância chamada betacaroteno é que confere as cores amareladas e alaranjadas aos alimentos naturais. Ela atua na saúde da pele, ossos, dentes, melhora da visão noturna e fortalece a imunidade. Os alaranjados ainda podem auxiliar na prevenção de doenças respiratórias e proteger a pele contra os raios solares.

Exemplos: manga, mamão, abóbora, cenoura, milho, carambola, laranja, tangerina.











Alimentos de cor rosada e vermelha


Os alimentos destas cores possuem um componente chamado licopeno, bom para o coração e para a memória, além de reduzir riscos de câncer de próstata, pulmão e estômago (SHAMI, 2004).

Exemplos: Caqui, goiaba, melancia, morango, pimentão, tomate.










Alimentos de cor verde


Possuem as substâncias betacaroteno e luteína, ambos antioxidantes, além de ácido fólico (vitamina essencial para o funcionamento cerebral), vitaminas C e E, cálcio, ferro e potássio.

Exemplos: abacate, abobrinha, acelga, agrião, alface, almeirão, brócolis, chicória, couve, escarola, espinafre, kiwi, manjericão, pepino, pimentão verde, quiabo, rúcula, salsa, vagem.


 

 

 

 


Alimentos de coloração roxa


Esta coloração é conferida pela antocianina, um tipo de pigmento ligado à saúde do coração, à prevenção do envelhecimento e de vários tipos de câncer (Kuskoski et al., 2006).

Exemplos: Alcachofra, ameixa, berinjela, beterraba, figo, jabuticaba, repolho roxo, uva.






Alimentos de coloração branca

Estes alimentos são ricos em fósforo, que ajuda na manutenção dos ossos e dentes, e vitamina B6, que atua na saúde cerebral e do coração. O alho e cebola possuem alicina, que pode auxiliar na redução do colesterol.

Exemplos: Alho, banana, batata, cebola, chuchu, maçã, mandioca, pera.



E ainda me perguntam nas palestras, de que forma podemos tornar a alimentação colorida para as crianças sem utilizar corantes artificiais. A resposta está aí – a natureza está repleta de cores e sabores maravilhosos!






REFERÊNCIAS
Guia Alimentar para a População Brasileira. Ministério da Saúde, 2005.

SHAMI, N. J. I. E. ; MOREIRA, E. A. M. Licopeno como agente antioxidante. Rev. Nutr. [online]. 2004, vol.17, n.2, pp. 227-236. ISSN 1415-5273.

KUSKOSKI, E. M., et al. Frutos tropicais silvestres e polpas de frutas congeladas: atividade antioxidante, polifenóis e antocianinas. Ciência Rural, Santa Maria, v.36, n.4, p.1283-1287, jul-ago, 2006.

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Publicidade convence crianças menores de 5 anos

Acredito que deixo claro aqui no blog a minha revolta contra a publicidade abusiva de alimentos, em especial a direcionada às crianças.
No mês passado tive um exemplo que prova a influência atroz da indústria no comportamento alimentar dos pequenos. Foi numa roda de conversa sobre alimentação saudável para crianças de 4 a 5 anos, quando uma aluninha disse que certo achocolatado famoso – que não posso dizer o nome – deixava as crianças fortes:

“Tia, eu bebo $@#&®#, porque faz a gente ficar forte!”.

Ao que eu respondi: “Não, não é assim não, eles enganam a gente”. Mas não consegui convencê-la, pois justificou logo em seguida:

“ É porque tem o raio”.
            Sabem qual achocolatado tem como símbolo um raio? Pois é, este símbolo, muito bem arquitetado pela indústria, conseguiu fazer com que até crianças menores de 5 anos o associem à força e vigor. 

            Saí da escola indignada. Indignada com a publicidade de alimentos, que faz os pequenos consumidores acreditarem que  terão quase superpoderes ao consumir seu produto, contribuindo desta forma, para desvalorizar os alimentos naturais. 

            O que me conforta é saber que há órgãos preocupados com a causa, que lutam para regularizar a propaganda destinada ao público infantil, exploradora de sua vulnerabilidade, como o Instituto Alana.

            Para quem não conhece, fica a dica, eles fazem um trabalho maravilhoso, desenvolvendo palestras, debates, cartilhas e até documentários sobre o tema. Divulguem as ações e contribuam para dar  força ao trabalho do Instituto Alana, e livrar mais e mais crianças da mercantilização da infância.
            Parabéns Alana, vocês fazem a diferença nesta sociedade de consumo!


sexta-feira, 12 de outubro de 2012

11 DICAS PARA COMER MAIS VERDURAS E LEGUMES




Todo mundo sabe que verduras e legumes são essenciais para uma alimentação saudável, por serem grandes fontes de vitaminas, minerais e fibras. Tudo isso com pouquíssimas calorias! Um verdadeiro presente, né? Mas que, infelizmente, poucas pessoas sabem aproveitar.
Por isso reuni algumas dicas para enriquecer sua alimentação com estes maravilhosos alimentos. 


1 - Guarneça as omeletesSão raros os legumes que não podem integrar uma omelete. Boas opções: cebola, cebolinha, salsinha, coentro, alho-poró, tomate, pimentão, chuchu, abobrinha, cenoura.

2 - Varie os purês
Por que fazer purê só de batata? Faça também de cenoura, abóbora, inhame, cará, mandioquinha. E por que não um purê verde de brócolis?

3 – Adicione verduras e legumes às tortas
Incremente tortas salgadas com abobrinha, cenoura, brócolis, escarola, espinafre, salsinha, cebolinha, coentro, tomate, vagem, pimentão ou alho-poró.
Fica excelente usar também talos de vegetais, que são altamente nutritivos: talos de agrião, espinafre, couve, brócolis, couve-flor.

4 - Farofas
 Incremente também as farofas com verduras, legumes, bem como os talos.


5 – Aquele macarrão “alho e óleo” fica muito melhor com brócolis bem picadinho! Você pode adicionar cenoura ralada também, fica ótimo!


6 - Enriqueça o arroz 
Cozinhe-o com 1 ou mais destas hortaliças – cenoura, vagem, jiló, talos de verduras diversos.


7 – Enriqueça o feijão
Coloque no feijão 1 ou mais destas hortaliças – pimentão, cheiro-verde, maxixe, jiló, beterraba, chuchu, abóbora
Obs.: A abóbora e a beterraba deixam o caldo do feijão mais grosso e com uma cor maravilhosa! Aprendi esta dica com merendeiras experientes no assunto!

8 – Adicione verduras e legumes às carnes cozidas: quiabo, cenoura, vagem, jiló, abobrinha, pimentão, salsinha, cebolinha, coentro, alho-poró.


9  – Por que fazer suco somente com frutas? Invente misturas com hortaliças também. Boas opções:

*Laranja com cenoura
*Mamão com cenoura
*Laranja com cenoura e beterraba
*Goiaba com beterraba
*Melancia com beterraba
*Maracujá com inhame – juro, fica muito bom. É só adicionar 1 inhame cru para cada maracujá.
*Goiaba com inhame – segue a mesma regra do de maracujá. Ninguém vai acreditar que tem inhame!
*Couve com maracujá, ou com maçã ou com abacaxi – sério, fica excelente também! O gosto das frutas se sobressai.
*Abacaxi com agrião
*Junte pepino à sucos de laranja, limão, maracujá.

10 – Aperitivo: cenoura em palito

Quando der aquela vontade de mastigar alguma coisa, você pode experimentar cenouras em palitinhos. Muito prática e saudável! Dá até pra levar na bolsa.


11 - Abobrinha e berinjela "chips"

Sabia que assar rodelas de berinjela e de abobrinha bem fininhas no forno ou no grill, sanduicheira ou torradeira fica uma delícia? Deixe até ficarem crocantes. Ótimo lanche da tarde!
Obs.: Consumir na hora, senão perdem a crocância.


Agora a dica mais importante de todas: não tenha preconceitos.

Não sei o que acontece com a cor verde, que até os palmeirenses tem receio de provar alimentos desta cor!
 Aproveite o que a natureza nos dá de melhor. Acho que em alguma pauta já comentei isso, mas não canso de repetir – a diversidade de frutas, verduras e legumes do Brasil é invejável. Nenhum outro país possui tantos tipos destes alimentos. Então vamos aproveitar!

Minha colega de profissão, a nutricionista Gisela Savioli, costuma dizer que há uma pequena farmácia dentro de cada alimento – e esta não possui efeitos colaterais!

Aproveite as dicas e dê ao seu corpo o que foi feito para ele e o que ele mais precisa!

sábado, 8 de setembro de 2012

14 motivos para reduzir o açúcar




Por que devemos diminuir o consumo de açúcar?

            Enumerei os 14 principais motivos para que você comece hoje a reduzi-lo na alimentação:


1. Excesso de açúcar é fator de risco para diabetes
Afirmativa verdadeira para quem tem predisposição genética e consome açúcar em excesso, pois pode ocasionar sobrecarga do pâncreas e interferir  na produção de insulina. Além de levar ao excesso de peso, que também é fator de risco para o diabetes.

2. Aumento dos níveis de triglicérides
O excesso de açúcar se transforma na gordura chamada triglicerídeo, que eleva o risco de desenvolvimento de doenças cardiovasculares e esteatose hepática – acúmulo de gordura no fígado.

3. Obesidade
Não é novidade pra ninguém que o consumo de açúcar contribui - e muito - para o aumento de peso, já que pode ser convertido em gordura, que se acumula no organismo. Além do que, enquanto há razoável quantidade de açúcar no sangue a quebra de gordura não acontece e mais é armazenada, levando à obesidade.

4. Celulite
Excesso de açúcar aumenta as células de gordura e a inflamação destas, o que caracteriza o quadro de celulite

5. Enxaqueca
Os doces estão entre os alimentos mais citados na literatura como desencadeantes da enxaqueca, por ocasionarem a liberação de hormônios chamados catecolaminas, cujos efeitos podem levar à dor de cabeça intensa.

6. Prejudica saúde intestinal
O açúcar serve de alimento para bactérias maléficas no intestino, levando à destruição da microbiota saudável, que está relacionada ao controle de diversos processos, tais como: melhora da imunidade e inflamação, controle do colesterol sanguíneo e manutenção do peso.

7. Excesso pode diminuir a potência sexual
O excesso de glicose aumenta a pressão dos vasos sanguíneos, inclusive dos que irrigam o pênis. Estudos recentes têm comprovado que homens com níveis de hemoglobina glicada (exame que analisa a glicose sanguínea) acima de 8,0 têm baixa potência sexual. 

8. Cáries
O açúcar alimenta as bactérias bucais causadoras de cáries.

9. Menor apetência para frutas
Quem está habituado a consumir muito açúcar deseduca o paladar a  gostar só do que é excessivamente doce, dificultando a percepção e apreciação do sabor suave das frutas. Isso acontece muito com as crianças.

10. Açúcar é forte indutor de inflamação
O excesso de açúcar ocasiona a liberação de substâncias inflamatórias. Atualmente se sabe que um grande número de doenças têm sua origem ou manutenção na inflamação, como obesidade, diabetes e até mesmo o câncer.

11. Açúcar pode acelerar o processo de envelhecimento
Por mecanismos complexos, o excesso de açúcar eleva o estresse oxidativo no organismo, aumentando radicais livres que aceleram o envelhecimento.

12. Consumir doces aumenta a compulsão alimentar
Por ocasionar pico de liberação de insulina com consequente hipoglicemia, acarreta sensação de fome em pouco tempo.

13. Vício
Estudos experimentais sugerem que o consumo excessivo e contínuo de açúcar pode torná-lo uma substância viciante, ocasionando certa dependência. Sua ingestão leva à liberação de dopamina e ativação de receptores opioides – os mesmo que respondem a ação de drogas como morfina e heroína.

14. Caloria vazia
Não há vantagem em se consumir açúcar refinado, ele não possui nutrientes essenciais como vitaminas, minerais, proteínas, fibras. Fornece apenas calorias, as quais podemos obter em diversas fontes saudáveis.


E agora, o que eu faço?!

            Se você já se tornou dependente do açúcar, diminua-o aos poucos. Foi demonstrado que uma redução de 30% no sabor doce não é perceptível ao paladar. Isso significa que se você coloca hoje 30g de açúcar no suco e passa a colocar 20g, ninguém da família percebe!
            Faça dessa forma com todos os alimentos que adiciona açúcar: suco, café, bolo, etc. A curto prazo já terá benefícios.
            Não gosto de falar em calorias, porém percebo que causa mais impacto quando mostramos em números. Vou dar um exemplo prático: Adicionando 10 g a menos de açúcar (1 colher de sopa rasa) ao seu café com leite, você estará reduzindo 40kcal. Se toma café com leite 2 vezes ao dia, reduzirá 80 kcal, o que em 1 semana representará uma redução de 560Kcal.

Em 7 dias terá deixado de passar pelo seu organismo quase 1 copo de açúcar refinado!

            Isso com a redução de apenas 1 colher rasa de açúcar!
     






Referências:

AVENA, N.M.; RADA, P.; HOEBEL, B.G. Evidence for sugaraddiction: Behavioral and neurochemical effects of intermittent, excessive sugar intake. Neuroscience & Biobehavioral Reviews, v. 32, n.1, p. 20-39, 2008.

COLANTUONI, C. et al. Evidence That Intermittent, Excessive Sugar Intake Causes Endogenous Opioid Dependence. Obesity Research (2002) 10, 478–488; doi: 10.1038/oby.2002.66

terça-feira, 17 de julho de 2012

Brasileiro consome 1 carrinho de mão de açúcar

             É engraçado como muita gente acredita que o açúcar branco é essencial à saúde.
            Este produto só começou a adentrar as cozinhas do mundo a partir do século XVII. Antes disso, as pessoas comiam e viviam muito bem obrigada.
            É verdade que ele é fonte de energia, e que  traz benefícios em crises de hipoglicemia. Entretanto, o açúcar que realmente precisamos é o que é encontrado naturalmente nos alimentos, principalmente nas frutas e cereais.
            Isso significa que se você parar de comer açúcar refinado e produtos que o contenham (balas, pirulitos, refrigerantes, chocolates, biscoitos), não estará perdendo nada, muito pelo contrário, só terá benefícios.

            Diretrizes recentes da American Heart Association - entidade americana de cardiologistas – estabeleceram limites diários máximos de consumo de açúcar em calorias, sendo que mulheres não devem consumir mais de 100 calorias/dia advindas do açúcar – que equivalem a no máximo 25g de açúcar - e homens 150 calorias/dia - que equivalem a no máximo 37,5g de açúcar. Em medidas caseiras, 25 g de açúcar representam 1 colher e ½ de sopa, e 37,5 equivalem a 2 colheres e ½.

             É importante ressaltar que essas quantidades incluem TODO o açúcar consumido no dia, contando o adicionado a sucos, café, chá, bolo; o contido no sorvete, refrigerante, bala, biscoito, etc. Muitas pessoas acreditam não ingerir grandes quantidades de açúcar por não serem muito “fãs” de doces, porém consomem café bem adoçado o dia inteiro.

            Vejam nesta ótima figura publicada na revista Época, a quantidade de açúcar presente em diversos produtos:


           
            Agora vejam esta outra foto, ainda mais surpreendente, publicada na mesma revista, mostrando a média de consumo atual de açúcar da população brasileira:



             1 carrinho de mão por ano!! Essa é a média de consumo anual de açúcar por brasileiro! Você consegue imaginar uma quantidade destas passando pelo seu corpo? E pior – o trabalho que o organismo tem para lidar com tudo isso?! É impressionante  e assustador!

            No quesito açúcar já estamos pior que os EUA, cujo consumo anual por habitante foi estimado em 52 kg – quase 11 kg a menos que os brasileiros.

            Na próxima postagem trarei os malefícios que esse consumo exagerado de açúcar pode causar. 


          Quem se interessou pelo tema e ainda não viu, vai gostar da postagem do  dia 06 de junho:  http://andreiamouranutri.blogspot.com.br/2012/06/decifrando-os-rotulos-cuidado-o-acucar.html



REFERÊNCIAS:

Revista Época: revistaepoca.globo.com. Reportagem publicada no site em  29/04/2011, ás 19:20.
Acessado em 17/07/2012.
           


segunda-feira, 16 de julho de 2012

Linhaça – perguntas que não querem calar




Depois das explanações sobre a linhaça, trago as "PERGUNTAS QUE NÃO QUEREM CALAR":

Qual é a melhor: a linhaça marrom ou a dourada?


            Para quem não conhece, existem 2 variedades da semente: a dourada e a marrom, que são praticamente idênticas nas suas propriedades nutricionais e terapêuticas, com discreta vantagem para a variedade marrom quanto ao teor de ômega 3.
            Conclusão: ambas são boas, consuma a que estiver mais acessível.

Quanto devo consumir?


            Apesar de não estar estabelecido um consumo diário de semente ou farinha de linhaça, parece plausível o  consumo de 2 colheres de sopa (60g) - quantidade que pode contribuir para alcançar as recomendações diárias de ômega 3, fibras alimentares, vitaminas e minerais.

Qual a melhor forma: farinha, semente ou óleo?



            Os 3 possuem benefícios, a melhor forma vai depender do objetivo. 
        Em geral, recomendo o consumo da farinha ou da semente  (batida no liquidificador), que são formas integrais, pois com o óleo não aproveitamos a linhaça em sua totalidade.
            O mais importante é que a semente não seja ingerida inteira, pois sua casca é muito rígida, não sendo rompida pelas enzimas intestinais. Isto não representa um risco, porém, se a casca não for quebrada não será possível retirar o ômega 3, as vitaminas e minerais contidos na semente, que será eliminada inteira.
              O melhor é consumir a linhaça triturada no liquidificador na forma de farinha ou batida com sucos, vitaminas, bolos.

A farinha de linhaça comercializada é boa?



            Recomendo aos pacientes comprarem a semente de linhaça inteira e fazerem a farinha em casa, pois algumas marcas, com o objetivo de impedir a rancificação do produto, retiram o ômega 3, deixando apenas a fibra. Outras, utilizam embalagem plástica transparente para armazenar, permitindo que o ômega 3 oxide em exposição à luz.


Triturando em casa garantimos a integridade da semente.

É muito simples fazer a farinha de linhaça:
-        Espalhe a  semente de linhaça em um fôrma – não precisa untar. Coloque uma camada fina de linhaça.
-        Leve ao forno pré-aquecido e deixe por aproximadamente 8 minutos - até que a semente fique levemente escurecida.
-        Triture no  liquidificador até formar a farinha.
-        Armazene em pote fechado na geladeira por até 5 dias. 

            Você pode adicionar a farinha de linhaça a sucos, vitaminas, iogurte, mingaus, sopas, caldo de feijão, pães, bolos.

            Bom apetite e muita saúde!

segunda-feira, 2 de julho de 2012

Linhaça e prevenção do câncer



         

   Venho compartilhar com vocês uma conquista: a publicação de um artigo científico, fruto do meu TCC, juntamente com meus colegas Rogério Frade, Igor Felício Gomes e com a professora orientadora Drª Fabiana Poltronieri. Nosso artigo, intitulado: Papel dos compostos bioativos da linhaça (Linum usitatissimum L.) no câncer, foi publicado na edição de jan/fev da revista Nutrição Brasil.
            Sou apaixonada por alimentos funcionais, e a linhaça em especial, encantou todos nós.

            Trago um pouco do que pesquisamos a respeito desta semente na prevenção do câncer.

            A linhaça possui 4 principais substâncias que podem estar relacionadas a este efeito: omega-3, lignanas, fibras alimentares e vitamina E. Entre os mecanismos relatados estão: ação antioxidante, anti-inflamatória e antiestrogênica.

ÔMEGA 3 - ação antioxidante e anti-inflamatória
            A linhaça é a fonte vegetal mais rica em ômega-3, contendo até 5,5 vezes mais deste óleo que outras grandes fontes como as nozes e o óleo de canola.
            O ω-3 possui ação anti-inflamatória e antioxidante. Sabe-se que o aumento da inflamação e de fatores oxidativos são críticos para a gênese e progressão do câncer.
            Apenas 1 colher de sopa de linhaça (30g) possui ômega 3 em quantidade  4 vezes superior à ingestão mínima recomendada.

LIGNANAS – antiestrogênicas e antioxidantes
            Estudo mostrou que o consumo de farinha de linhaça reduziu o crescimento de células cancerosas mamárias implantadas em camundongos fêmeas em menos de 8 semanas de tratamento  (LICHTENTHALER, 2009).
            Resultados como este foram relacionados, entre outros mecanismos, à ação de um composto  denominado diglicosídeo secoisolariciresinol (SDG). A linhaça é a maior fonte vegetal de SDG, responsável por diminuir fatores bioquímicos que predispõe ao câncer. Esta substância dá origem a 2 outras com ação antioxidante e antiestrogênica: o enterodiol e a enterolactona. Ter ação antiestrogênica significa diminuir a ação do hormônio “estrógeno”, relacionado ao desenvolvimento de alguns tipos de câncer, como o de mama.
Pesquisadores (HAGGANS et al., 2000) verificaram diminuição de fatores cancerígenos em mulheres menopausadas com o consumo diário de 10g de linhaça, por 2 meses.

FIBRAS ALIMENTARES
            A linhaça possui alto teor de fibras, representando 28% da sua composição.
      O adequado consumo de fibras pode prevenir diversas enfermidades, incluindo alguns tipos de carcinomas, em especial os que afetam o intestino.

VITAMINA E
            A ação antioxidante desta vitamina é associada à prevenção do câncer, doenças cardiovasculares e desordens neurológicas degenerativas como Alzheimer.
            Lamson e Brignall (1999) demonstraram que as vitaminas E e C são capazes de inibir o crescimento das células malignas de câncer de mama in vitro.

2 colheres de sopa de semente de linhaça (60g ) quase suprem as recomendações diárias de vitamina E.



            É importante ressaltar que nenhum alimento de forma isolada tem a capacidade de prevenir ou tratar qualquer tipo de doença, e que a adoção de hábitos de vida saudáveis, além da prática da atividade física são componentes indispensáveis à manutenção da saúde.

            Na próxima postagem trarei algumas questões mais práticas sobre este maravilhoso alimento.



Referências:

GOMES, I.F.; FRADE, R.E.; MOURA, A.F.; POLTRONIERI, F. Papel dos compostos bioativos da linhaça (Linum usitatissimum L.) no câncer. Nutrição Brasil janeiro/fevereiro 2012;11(1)

Haggans CJ, Travelli EJ, Thomas W, Martini MC, Slavin JL. The effect of flaxseed and wheat bran consumption on urinary estrogen metabolites in premenopausal women. Cancer Epidemiol Biomarkers Prev; 9:719-25, 2009.

Lamson DW, Brignall MS. Antioxidants in cancer therapy; their actions and interactions with oncologic therapies. Alt Med Rev;4:304-29, 1999.

Lichtenthaler AG. Efeito comparativo de dietas ricas em linhaça marrom e dourada no câncer de mama. [Dissertação]. São Paulo SP: Faculdade de Saúde Pública; 2009.

domingo, 24 de junho de 2012

E agora o que eu vou comer?!



Após tantas revelações feitas nas minhas palestras e no blog sobre os alimentos ultra-processados – que até biscoito água e sal, gelatina e barrinha de cereal podem não ser saudáveis – as pessoas ficam desesperadas sem saber o que comer.
            Já ouvi várias vezes frases do tipo “Então para ser saudável eu só posso comer mato?”. É então que percebo com tristeza, como o conceito de alimento está sendo deturpado de forma brutal.
O que as pessoas chamam de “mato”, são verduras e legumes, e falando dessa forma, deixam claro que não as consideram como alimento (pelo menos não para humanos), ao passo que consideram “alimento” produtos sem qualquer valor nutritivo, como refrigerantes, embutidos, salgadinhos, sanduíches, doces.
Devemos ter como conceito de alimento, algo que é bom antes, durante e depois do seu consumo. Ser bom antes significa agradar aos olhos, ter uma boa aparência, um aroma apetitoso. Durante, quer dizer que deve ser saboroso, aguçar nossas papilas gustativas. Depois, é o benefício que traz ao organismo, fornecendo substâncias que regularão as funções fisiológicas, promovendo harmonia metabólica e saúde.       
O que, baseada em conhecimento científico, considero alimento é o que fornece um conjunto de substâncias nutritivas indispensáveis para manter a vida e a saúde. Partindo desse conceito, como considerar “alimento” produtos ricos em aditivos sintéticos, sal e outras substâncias maléficas?
            Você já parou para pensar na diferença de prazo de validade entre os alimentos feitos totalmente por processo industrial e os caseiros? Um bolo feito em casa, dura no máximo 4 dias, no entanto, um bolo pronto (sem recheio), fica íntegro por mais de uma semana. Um bom exemplo é o panetone, que desde outubro já vemos à venda nas padarias e supermercados! Por que dura tanto? Devido ao uso de grande quantidade de conservantes e sal.
          Joann Bruso, uma nutricionista americana, deixou em cima da geladeira um kit lanche de uma rede de fast-food famosa no mundo todo, para ver quanto tempo durava e testar o poder dos conservantes. Após 1 ano inteiro, notou que não havia se deteriorado! Nem mesmo as moscas se aproximavam do lanche! São adicionados conservantes e sal em quantidades que permitem que esse produto seja conservado por mais de 365 dias!
Comida de verdade tem que estragar, porque é alimento vivo.
            Passe a ter o hábito de ler os rótulos de alimentos predominantemente industrializados (cuja maior parte da matéria prima foi formulada industrialmente), e verá que muitas vezes, mais de 50% do que está escrito, não reconhecemos como alimento. Será que o que está dentro daquela embalagem foi feito para atender às necessidades de saúde do nosso organismo?
A verdade é que não.
            Nosso corpo reconhece e precisa de vitaminas, minerais, água, carboidratos, proteínas e gorduras de boa qualidade. Exemplos de boas fontes são as frutas, verduras, legumes, cereais (arroz, trigo, milho, aveia), leguminosas (todos os tipos de feijão, soja, lentilha, grão de bico); encontrados naturalmente e não são predominantemente processados pela indústria ou feitos em laboratórios como os aditivos químicos.
            O corpo reconhece o que a natureza nos fornece. O que damos para ele de diferente causa  transtorno metabólico, que se manifesta em alergia, dor de cabeça, mal-estar, falta de vitalidade, indisposição, que nada mais são do que avisos de que por dentro as coisas não vão nada bem. 
Por que maltratar o organismo consumindo o que só faz bem da boca para fora, que depois de engolido não beneficia em nada, pelo contrário, dá trabalho para ser eliminado? Do que adianta agradar aos olhos, ao paladar, mas quando chega ao organismo causa má digestão, desconforto, enxaqueca, constipação, aumento de colesterol, hipertensão; além de nos predispor a outras inúmeras doenças?
Pense nisso, sua saúde é seu maior patrimônio.








sexta-feira, 22 de junho de 2012

Biscoito “água e sal” - só água e sal mesmo?


Falando em gordura trans (postagem anterior), vou esclarecer alguns pontos sobre um produto que todo mundo acha que é saudável e na verdade não é - aquele biscoitinho chamado “biscoito água e sal”

            Todo mundo que pensa em fazer “dieta” ou ter uma alimentação saudável vê nele um grande aliado. Mas agora vocês perceberão que não é bem o que parece.

            O primeiro ponto é a questão das calorias. Em termos calóricos, 4 biscoitos “água e sal” equivalem a 1 pãozinho francês. Sendo assim, você que deixa de comer pão pra comer este biscoito, já percebeu que se consumir mais de 4 unidades não estará fazendo um bom negócio.

            Outra questão é o teor de sódio. A quantidade adicionada pela maioria das marcas  faz jus ao nome “água e sal”.

Há ainda um terceiro inconveniente: este produto contém gordura trans. É só verificar na lista de ingredientes, certamente haverá “gordura vegetal” ou “gordura vegetal hidrogenada”, que como vimos significam trans.

            Por isso a informação nutricional no rótulo é tão valiosa, ela é o meio que temos de saber o que é saudável e o que não é.

domingo, 17 de junho de 2012

Cuidado: “0 de gordura trans” pode não significar que de fato não contenha




            Como eu havia prometido, trouxe uma pauta sobre gordura trans.

            Este tipo de gordura é obtido por processamento da indústria, que transforma óleo em gordura sólida para torná-lo mais estável à cocção. 
       O problema é que para isso, o óleo, uma fonte de gordura considerada boa (insaturada), é transformado, por processo denominado “hidrogenação”, em gordura do tipo “trans”, que é maléfica.
           
            Os principais efeitos à saúde do consumo de gordura trans são:

-        Aumento do colesterol LDL (colesterol “ruim”)

-        Diminuição do HDL (colesterol “bom”)

-        Aumento de fatores inflamatórios

-        Aumento do risco de doença cardiovascular


            Como vimos na postagem anterior, muitas vezes, os valores da tabela de composição dos rótulos dos produtos referem-se a uma porção muito menor do que a que você ingere. O pior de se utilizar uma quantidade bem inferior ao pacote todo para o cálculo de nutrientes, é que a gordura trans pode ficar mascarada. Ao verificar o rótulo, o consumidor pode acreditar que em certos produtos não há gordura trans, pois consta “0g” na tabela de informação nutricional, mas ainda assim o produto pode conter. O erro acontece porque, em alguns casos, a quantidade de gordura trans em 1 porção é pequena, e por esse motivo não há obrigatoriedade da  declaração no rótulo. Porém, quando se consome mais do que a porção discriminada pelo fabricante (o que é muito provável que aconteça), pode haver valores consideráveis dessa gordura.
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            Mas, não se desesperem. Existe uma forma de ter certeza da presença da gordura trans! É só verificar na lista de ingredientes que consta na embalagem a presença de alguns destes dizeres: 

 “gordura vegetal”, ou “gordura vegetal hidrogenada” – significam trans.


            Observe também a presença de “gordura de palma”. A indústria vem substituindo a trans por este outro tipo de gordura, que também não é bom. É quase como trocar 6 por meia dúzia...

            Mais uma informação importante a se observar nos rótulos dos produtos!



REFERÊNCIAS:

CHIARA, Vera Lucia; SILVA, Rosilaine; JORGE, Renata  e  BRASIL, Ana Paula. Ácidos graxos trans: doenças cardiovasculares e saúde materno-infantil. Rev. Nutr. [online]. 2002, vol.15, n.3, pp. 341-349. ISSN 1415-5273.
MARTIN, Clayton Antunes; MATSHUSHITA, Makoto  and  SOUZA, Nilson Evelázio de. Ácidos graxos trans: implicações nutricionais e fontes na dieta. Rev. Nutr. [online]. 2004, vol.17, n.3, pp. 351-359. ISSN 1415-5273.